Opinião

O ITINERÁRIO POÉTICO DE MARIA LÚCIA ALVIM

Com olhar abrangente e criterioso, edição apresenta tanto as diferentes fases e estilos da autora de “Batendo pasto” (prêmio Jabuti 2021), bem como os temas que a atravessaram em um arco de quase seis décadas

“Maria Lúcia Alvim lutou a boa luta. Foi poeta brasileira até o tutano. Dançou com sua máscara épica de Dona Beja, riu das impropriedades dos seus conterrâneos, ministrou cura amorosa para os desamados, e quando se cansou do silêncio em meio à cacofonia do Rio de Janeiro, voltou para o mato onde nasceu e de lá, cercada da pobreza existencial de galinhas e vacas, ingressou num minimalismo que é muito mais do que meramente estético: é ético.”
Ricardo Domeneck

“Nestes últimos três anos, o que eu pude ver foi um crescimento notável do reconhecimento da obra publicada. Vivenda virou um livro raro; os outros livros estão esgotados; Batendo pasto teve sucesso de crítica, vendas e prêmio; trabalhos acadêmicos têm se proliferado em lugares diversos do país. Agora dois livros se apresentam como novos. É uma estrada abrindo-se no meio do capim bravo. Há muito por fazer.”
Guilherme Gontijo Flores

 

Dona de uma obra multifacetada, a autora do aclamado volume de poesias Batendo pasto tem no lançamento de Poesia reunida um trabalho criterioso e caprichado de sua poesia completa – com obras aqui apresentadas pela primeira vez e outros poemas já publicados em edições raras e esparsas.

No livro, temos um olhar abrangente sobre a produção poética de Maria Lúcia Alvim, que, com a publicação de Batendo pasto viu reacender o interesse por sua obra poética, a partir de uma torrente de matérias, reportagens, entrevistas e resenhas nos principais veículos da imprensa nacional a respeito do livro, vida e obra de Maria Lúcia Alvim.

Panorama poético com inéditos

Co-organizada pelos poetas Guilherme Gontijo Flores (que assina também um perfil biográfico da autora) e por Ricardo Domeneck (que assina o texto de orelha), a edição é apresentada por Juliana Veloso, doutoranda de poesia brasileira pela UFMG.

 

Poesia reunida apresenta tanto as diferentes fases e estilos da autora, bem como os temas que a atravessaram em um arco de quase seis décadas, como o tempo, a natureza, a vida, o amor. Abriga os sonetos e romanços, além de suas elegias e odes. Seus haicais e paródias. Seus textos longos, altamente autorais, e a surpresa de suas colagens textuais.

A publicação apresenta, ainda, o arco completo de sua produção poética ao longo de quase seis décadas, reunindo as obras XX sonetos (1959), Coração incólume (1968), Pose (1968), Romanceiro de Dona Beja (1979) e A rosa malvada (1980). Na década de 1990, toda essa produção foi reunida em Vivenda: 1959-1989 (1990), volume que integra a coleção Claro Enigma. Também fazem parte do volume Batendo pasto (1982) e os inéditos Rabo do olho (1992) e Sala de branco (2010), além de poemas esparsos.

 

Trechos do livro

 

“A teoria da poesia ensina que é preciso acostumar os olhos à obscuridade para aprender a ler um poema. A reunião da obra aqui presente nos convida a cerrar os olhos e a aprender Maria Lúcia. Todos estes são poemas de um incólume coração. O coração de uma poeta que partiu, mas nos deixou a íntegra viva de uma obra lúcida, orvalhada, verdejante, na iminência de nos revivificar. Permitamo-nos a fruição desse ver-de ao ler Maria Lúcia Alvim.”

Juliana Veloso, na “Apresentação” (p. 10)

 

CARTÃO-POSTAL

Repente de tarde. Plana. Ceifada.

Âncoras amorteceram o peso

e se liquefazem.

Apagam-se ruivos outeiros.

 

Dois namorados olham o mar.

 

Um pássaro de insólito voo

roçou-lhes o ombro.

— Seremos assim potentes?

E subitamente puseram-se

a ferir-se a ferir-se

a ferir-se. (p. 46)

 

Sobre a autora

 

Maria Lúcia Alvim nasceu em Araxá, Minas Gerais, em 1932. Até os anos de 1980 publicou 5 livros de poemas. Escrito em 1982, Batendo pasto foi publicado em 2020 pela Relicário e premiado com o Jabuti de Poesia em 2021 – o livro veio quebrar 40 anos de ausência da cena da poesia brasileira. Maria Lúcia faleceu em 3 de fevereiro de 2021, aos 88 anos, em decorrência de Covid-19. Foi fiel à sua realidade e às necessidades do seu texto, da sua escrita. Contemporânea de outras mulheres que se mantiveram leais ao desenvolvimento de suas próprias poéticas, independentes do que exigiam e preconizavam para a poesia nos jornais os homens em posições de poder. Foi livre, como Hilda Hilst, Olga Savary, Marly de Oliveira, Adélia Prado, Orides Fontela e Elisabeth Veiga.

 

Especificações técnicas

Título: Poesia reunida
Autora:
Maria Lúcia Alvim
Organização: Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Domeneck
ISBN: 978-65-89889-94-6
Categorias: Literatura brasileira, poesia
Encadernação: brochura
Formato: 15,5 × 22,5 × 3 cm
Páginas: 564
Peso: 0,6 kg
Edição: 1ª (set. 2024)
Preço de capa: R$ 89,90

 

Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

 

A editora

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João Costa

João Costa, jornalista e assessor de imprensa, é membro da Associação Paulista de Imprensa (API) e acumula diversas premiações no campo da comunicação. Entre seus reconhecimentos, destacam-se o Prêmio Odarcio Ducci de Jornalismo, o Prêmio de Comunicação pela Associação Brasileira de Imprensa de Mídia Eletrônica (ABIME) e o Prêmio Iberoamericano de Jornalismo. Além disso, recebeu uma referência em comunicação pela Agência Nacional de Cultura, Empreendedorismo e Comunicação (ANCEC), reconhecimento por Direitos Humanos pelo Instituto Dana Salomão e uma menção honrosa do Lions Clube Internacional no Rio de Janeiro.

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