Distrito Federal

Estudantes visitam Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga

Evento fez a alegria da criançada com contação de histórias e brincadeiras. Projeto Visita à Biblioteca Braille receberá outras duas unidades de ensino nesta semana

Quarenta e oito estudantes da Escola Classe Arniqueira conheceram a Biblioteca Braille Dorina Nowill, em Taguatinga, nesta terça-feira (9). O encontro faz parte do projeto Visita à Biblioteca Braille, lançado nesta semana em comemoração ao Dia do Sistema Braille, celebrado nesta segunda (8), e ao Dia Nacional da Biblioteca, nesta terça. Ainda nesta semana, serão atendidas crianças da EC 39 e da EC 59, ambas de Taguatinga.

A programação contou com filme sobre o sistema Braille, contação de histórias, músicas e brincadeiras sobre inclusão social. “É importante as crianças terem uma noção de como é a vida para o cego, como ele se comunica com as outras pessoas e conhecerem o espaço, principalmente as pessoas que trabalham e frequentam aqui. É uma forma de mostrar a importância de respeitar o outro”, avaliou Murilo Marconi, coordenador da Coordenação Regional de Ensino de Taguatinga (Cret), da Secretaria de Educação (SEE-DF).

As amigas Bianca Andrade, 9 anos, e Raphaela Brito, 9, aproveitaram a experiência. “Foi muito legal. Aprendemos que a gente não pode excluir ninguém e precisa brincar com todo mundo porque todo mundo é igual”, disse Raphaela. “Agora sei as cores das bengalas e quase consegui ler em Braille”, conta Bianca.

Acolhimento

Criada em 1995, a Biblioteca Braille Dorina Nowill leva o nome da ativista brasileira Dorina de Gouvêa Nowill, nascida em São Paulo em 1919. Coordenado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), o equipamento público foi instalado, inicialmente, na Escola Classe 6 da cidade. Em 2006, foi transferido para o Espaço Cultural de Taguatinga. O funcionamento é de segunda a sexta, das 8h às 17h.

A biblioteca conta com sala principal, sala para apresentações e atividades coletivas, e telecentro de acessibilidade

O equipamento público é composto pela sala principal, dedicada ao acervo de livros em Braille, por uma sala para apresentações e atividades coletivas, e pelo telecentro de acessibilidade, que reúne computadores com acesso livre à internet. Os espaços foram reformados em 2021, tendo  sido entregues à população em fevereiro do ano seguinte, com mobiliário novo e estrutura totalmente renovada.

“É uma biblioteca viva, a única biblioteca pública especializada no atendimento a pessoas com deficiência visual. Nós temos projetos variados, funcionários preparados e a estrutura adequada para proporcionar cidadania aos nossos frequentadores”, destacou a coordenadora da biblioteca, Eliane Ferreira.

O acervo é formado por mais de 2 mil exemplares em Braille, com 800 títulos, incluindo obras como O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, e Na Minha Pele, de Lázaro Ramos. A versão em Braille dos livros ocupa, em média, até três volumes, tendo em vista que uma página em tinta equivale a quatro no formato Braille. Há, ainda, publicações convencionais e com letras ampliadas para serem lidas em eventos de leitura e pelo público vidente (normalmente acompanhante dos cegos), idosos ou pessoas com baixa visão, além de audiolivros.

Eliane Ferreira se orgulha do projeto: “É uma biblioteca viva, a única biblioteca pública especializada no atendimento a pessoas com deficiência visual”

Além do papel literário e acadêmico, a biblioteca promove eventos voltados para o público cego, como aulas de dança, oficinas musicais e contação de histórias. Às segundas-feiras, ocorre o Clube do Livro Inclusivo, sempre às 14h, em que uma pessoa vidente lê uma obra durante uma videochamada, para pessoas cegas ou com baixa visão. Às quartas, o espaço realiza a Roda Amigos da Palavra, às 9h, com apresentações culturais abertas ao público. Em maio haverá um curso gratuito de audiodescrição, e em setembro terá a 3ª edição da Feira Acessível.

Na estreia do projeto de visita ao espaço, a cofundadora da biblioteca e precursora nos projetos de inclusão, Noeme Rocha, 66, mostrou à criançada como funciona o sistema Braille. “Ensinei a eles como que nós escrevemos e como lemos, porque escrevemos da direita para a esquerda e lemos da esquerda para a direita, como se lê um livro mesmo”, disse. “As crianças que conhecem a pessoa cega não são mais as mesmas. A inclusão tem que começar nesta fase mesmo, porque só assim teremos um mundo mais inclusivo e bem melhor.”

Noeme Rocha fundou o espaço: “Na inauguração dessa biblioteca, lembro dos rostos das pessoas, dos escritores que estavam lá, da imprensa, dos repórteres”

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