Agronegócio

Uma breve história da biopirataria praticada contra o Brasil

Imagine a cena: estrangeiros vêm ao Brasil, visitam a Amazônia e se encantam com o cenário paradisíaco. Até aí, tudo certo. Mas nem sempre as visitas terminam com fotografias e registros históricos de um dos principais patrimônios do país. Houve casos de biopirataria praticada contra o Brasil, o que foge dos deleites turísticos comuns. Em síntese, o termo se refere à exploração e utilização ilegal de recursos naturais — animais, sementes, plantas e saberes tradicionais de determinado país.

O general Eduardo Villas Bôas resgata um breve histórico da biopirataria praticada em solo brasileiro. “A notícia de que a marca ‘CUPUAÇU’ havia sido patenteada no Japão, no ano 2000, causou impacto sobre a opinião pública”, escreveu, na Edição 151 da Revista Oeste. “Com a regulação, as empresas do Brasil acabaram impedidas de utilizar comercialmente um produto tipicamente brasileiro. Como consequência, sentimo-nos espoliados.”

Villas Bôas explica que se tornou inevitável a comparação com o contrabando de sementes de seringueira para a Malásia, efetuado no século 19 pelos ingleses. Esse episódio provocou o declínio do Ciclo da Borracha, por exemplo, e o início de um período de estagnação econômica que durou até a criação da Zona Franca de Manaus, na década de 1960.

O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo lembrou recentemente daquele caso. “O maior crime de biopirataria da História foi praticado contra o Brasil”, afirmou, no Twitter. “Para quem acha que a cobiça internacional sobre a Amazônia é coisa de nacionalista dos anos 50, este livro, elogiado pela revista Time como uma das maiores fábulas da era moderna, é um choque de realidade.”

De acordo com Villas Bôas, a aventura japonesa na Amazônia mostrou que o Brasil estava permitindo a ocorrência de um vazio tecnológico na região. “Temos de ter em mente que não há outra maneira de reverter esse quadro que não seja por meio do desenvolvimento científico e tecnológico, abrangendo desde a pesquisa de base até o registro de patentes”, observou.

Via: Revista Oeste

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