China quer que ideologia comunista inspire hinos cristãos

Em meio ao contínuo processo de adaptação das práticas religiosas aos valores do Partido Comunista Chinês (PCCh), foi anunciado o “Projeto de Ministério de Música Sacra para 2025”, com o objetivo de promover a “sinicização” da música cristã no país. O anúncio foi feito pelas “Duas Associações” — a Associação Cristã Patriótica da China e o Conselho Cristão da China — que representam oficialmente os protestantes e atuam sob supervisão direta do governo.
A proposta prevê a adaptação dos hinos e canções cristãs à cultura chinesa, por meio de diretrizes como a formação de equipes oficiais de música sacra, a criação de uma biblioteca de canções com “características chinesas” e a realização de concertos com o tema da sinicização. Também está prevista a inclusão de módulos musicais em aplicativos religiosos autorizados e o treinamento de voluntários alinhados com as novas diretrizes.
Segundo a organização China Aid, a iniciativa representa mais uma tentativa do governo chinês de substituir conteúdos religiosos tradicionais por versões filtradas conforme os valores ideológicos do Estado. A entidade alertou que os hinos cristãos, além de serem expressão de adoração, carregam em sua letra e melodia a teologia e a história de fé da Igreja: “Forçar a sinicização da música sacra e substituí-la por hinos aprovados pelo governo é, sem dúvida, uma distorção e erosão da essência da fé cristã”.
Kurt Rovenstine, representante da organização Bíblias para a China, afirmou em entrevista ao Mission Network News que o projeto “reflete uma tendência que temos visto há algum tempo na China: a luta da igreja para se expressar livremente, pregar, ensinar, cantar e adorar conforme achar adequado, de acordo com as Escrituras”.
Rovenstine explicou que embora a medida se apresente como uma proposta cultural, ela acarreta um aumento do controle governamental sobre elementos centrais da fé cristã. “A Bíblia é central para a prática da fé. É sobre essa rocha imutável que os fiéis podem se firmar contra as ondas das marés políticas e culturais. Para o Partido Comunista Chinês, esse é o problema”, disse ele.
Via: Gospel Prime