Enfermeiros obstetras são homenageados na CLDF
O evento foi de iniciativa da deputada Dayse Amarilio

Responsáveis pelos cuidados especializados durante o trabalho de parto, os enfermeiros obstetras do Distrito Federal foram homenageados na manhã de hoje (11) em sessão solene realizada pela Câmara Legislativa. A iniciativa da solenidade partiu da deputada e enfermeira obstetra Dayse Amarilio (PSB), que prestou homenagem às suas ex-professoras e colegas e deixou um recado aos que estão em formação. “Gostaria de dizer aos residentes em enfermagem obstétrica que as coisas são conquistadas com conhecimento. Com um início saudável, podemos ter um futuro de esperança”, disse a deputada.
A parlamentar saudou a disseminação do parto humanizado no DF e também defendeu uma pauta importante para a categoria, que é a regulamentação da mudança de especialidade na Secretaria de Saúde para que os profissionais possam atuar nas áreas em que estão qualificados. Outro ponto abordado pela deputada é o combate à violência obstétrica. “Estamos lutando para que a violência obstétrica seja um evento de notificação obrigatória. A violência obstétrica existe, está definida, mas ninguém sabe onde está acontecendo. Sem dados não se faz política pública”, afirmou Dayse Amarilio.

Mudança de especialidade – Em relação à regulamentação da mudança de especialidade, a diretora de enfermagem da Secretaria de Saúde, Gabriela Noleto, garantiu que em breve a reivindicação será atendida. “Já elaboramos a minuta da portaria de mudança de especialidade. Vamos de fato organizar essa parte para que a assistência possa continuar sendo prestada”, declarou.
Para a enfermeira obstetra aposentada Gerusa Amaral de Medeiros, houve avanços significativos na forma como são realizados os partos no DF. “No ano 2000 tivemos a primeira conferência sobre parto humanizado. Antes disso as mães eram muito violentadas. O parto humanizado, que era um sonho, hoje é realidade. Eu sempre digo que é um privilégio muito grande poder trabalhar como enfermeira obstetra e poder ajudar uma mulher num momento tão delicado”, disse Gerusa.
Residentes
A coordenadora de residência da Secretaria de Saúde, Kelly da Silva Cavalcante Ribeiro, deu a dimensão do quadro atual de enfermeiros obstetras residentes atuando na rede de saúde pública. “Atualmente nós instituímos a assistência mínima de 120 partos por residente durante seu período de residência, e isso representa uma assistência a 1.800 mulheres por ano. Hoje nós temos uma média de 15 novos enfermeiros obstetras formados por ano e ao longo dos últimos 25 anos já formamos 300 desses profissionais”, explicou.
Kelly da Silva também listou as conquistas para as mulheres em trabalho de parto que foram alcançadas graças às lutas dos enfermeiros obstetras. “Os enfermeiros obstetras contribuíram para as práticas realizadas ao buscar garantir um tempo adequado para partejar com a mulher, ao lutar pela implementação de uma dieta específica dentro do centro obstétrico para as mulheres, ao permitir a presença do acompanhante, inclusive com uma cadeira dentro do centro cirúrgico para que possa assistir ao parto e ao lutar pelos recursos facilitadores do parto”, observou.

Números
O quadro atual da enfermagem obstétrica foi completado pela gerente de enfermagem obstetra e neonatal da Secretaria de Saúde, Gabriele Oliveira Medeiros de Mendonça. “Temos hoje 172 enfermeiros obstetras concursados, aproximadamente 50 enfermeiros generalistas que atuam como enfermeiros obstetras e esperamos que todos façam a adesão à mudança de especialidade. Foram feitos 6 mil partos com enfermeiros obstetras no ano passado. Antes disso, não passavam de 300 que eram realizados pela Casa de Parto de São Sebastião”, detalhou.
Falando em nome da Casa de Parto de São Sebastião, a gerente Luciana Moreira Moura Vilefort defendeu o trabalho realizado pela instituição, que presta apoio às mulheres que desejam ter parto natural. “É preciso muita sabedoria e conhecimento para deixar o processo do parto ocorrer naturalmente. Hoje temos um serviço estruturado. Temos indicadores que comprovam nossa qualidade e segurança. A quem me pergunta se é seguro nascer na Casa de Parto, eu mostro números que comprovam o serviço de excelência que é prestado”, disse Luciana.
A presidenta da seção do Distrito Federal da Associação Brasileira de Enfermagem, Karine Rodrigues Fonseca, lembrou que é fundamental que a categoria se mantenha unida em defesa dos seus direitos. “Aos jovens que estão se formando eu digo que não basta estudar e perseguir a melhor prática, é necessário também se organizar e se fortalecer para defender tanto os interesses das mulheres, mas também os interesses da profissão, que é composta em sua maioria também por mulheres”, aconselhou.
Eder Wen – Agência CLDF