Goiás

Defesa de professor da UEG suspeito de abuso sexual atribui acusações ao rancor de ex-alunas: ‘Falta de capacidade’

Vítimas afirmam que assédio eram explícitos, com encoxadas, beijos no pescoço sem autorização e convites de cunho sexual. A UEG disse que abriu uma sindicância para apurar uma das denúncias.

O advogado de defesa Wilson de Oliveira Araújo, que representa o professor efetivo da Universidade Estadual de Goiás (UEG) investigado por crimes de assédio moral e sexual contra ex e atuais alunas, atribuiu as acusações a um suposto “rancor” das estudantes por não terem sido aprovadas ou se sentido prejudicadas nas matérias que cursaram com o professor. A defesa afirma que reprovações aconteceram por “pura falta de capacidade delas”.

 

De acordo com o advogado, as denúncias têm o objetivo de sujar a honra do professor, que trabalha no Câmpus Henrique Santillo, em Anápolis, desde 1999. “Todos os falsos acusadores já estão sendo identificados. A defesa tomará todas as medidas judiciais cabíveis, tanto na área cível, quanto na área criminal, contra cada um deles”, afirmou Araújo (confira o posicionamento completo ao final da reportagem).

Os casos vieram à tona após uma estudante de 24 anos ter formalizado, em junho deste ano, uma denúncia na Ouvidoria da instituição e na Polícia Civil. Em sequência, ao menos outras quatro mulheres registraram ocorrência. À medida que as denúncias foram ganhando repercussão na imprensa, as ex-graduandas e uma docente da UEG se mobilizaram em um grupo para comunicar ações a serem tomadas. Atualmente o grupo conta com 24 membros.

A UEG disse que recebeu, em junho deste ano, uma denúncia sobre um possível assédio sexual sofrido por uma aluna por parte de um professor. Afirmou que prestou todo o apoio a estudante e que abriu uma sindicância para apurar o caso. Também enfatizou que não tolera qualquer tipo de assédio e que, se ficar comprovado, fará um processo administrativo que pode causar uma suspensão a até demissão do professor(confira a nota completa ao final da reportagem).

Mais de 20 anos

O que chama atenção, conforme as vítimas, é que há relatos de que o professor pratica assédios morais e sexuais contra estudantes desde os anos 2000. Uma egressa disse à reportagem que logo no início do curso de Química licenciatura, o professor a teria humilhado em frente à turma por conta de uma nota. “Desde a época que entrei todo mundo passou por assédio moral. Ele me fez chorar”, diz.

Outra ex-aluna de Química Industrial, que iniciou o curso em 2009, aos 18 anos, relata que o professor a fechou dentro de um laboratório com ele e passou a mão no corpo dela sem autorização. “Fora as coisas que ela falava. Ele já teve coragem de me convidar para fazer sexo a três: eu, ele e minha amiga”, lembrou.

Os depoimentos são unânimes ao afirmarem que o professor praticava os assédios em qualquer lugar do campus, desde salas de aulas, laboratórios e corredores. Inclusive, as vítimas também confirmam que, em muitos momentos, os abusos aconteciam na frente de outras pessoas, nunca reagiram ao presenciar as situações.

Elas afirmam que a falta de ação contra as ações do professor ocorre em função de sua influência e poder dentro da UEG. “Não tinha como a gente fazer nada. Lá todo mundo fica muito próximo, as aulas são no mesmo corredor, os laboratórios são perto. Teve uma época que ele coordenava tudo ali no curso. Não tinha como fugir dele. Todo mundo na UEG sabia e sabe do que ele faz lá”, afirma uma das vítimas.

Perseguições

 

Atualmente, uma das ex-alunas tem 33 anos e trabalha como social media. Ela conta que quando ainda estava na UEG começou a namorar com um colega de curso. Diz que o professor sempre a abordava para fazer perguntas sobre sua vida sexual e se oferecia para ter relações com ela. Tempos depois, passou a impor dificuldades acadêmicas ao namorado dela, como se quisesse punir o rapaz pelo relacionamento.

“Ele reprovou meu namorado. Se ele implicasse com alguém era assim. Mudava os horários para atrapalhar a pessoa, corrigia diferente as provas para dar nota menor. Se alguém reclamasse, ele ameaçava”, lembra.

 

Hoje a social media não tem mais um relacionamento com o colega de curso, mas afirma que ele também vai depor contra o professor na polícia, pois testemunhava os abusos morais e assédios.

Em consenso, as alunas disseram que, com vários casos vindo à tona, a expectativa é que ele seja responsabilizado criminalmente e disciplinarmente pela universidade.

Nota completa defesa do professor

 

A defesa nega veementemente as mentirosas acusações que estão sendo divulgadas na mídia, as quais visam exclusivamente macular a honra do acusado perante a opinião pública, tendo em vista que não estão lastreadas em provas, mas tão somente em alegações vazias de pessoas que possuem algum rancor contra o acusado, especialmente por não terem sido aprovadas ou terem se sentido prejudicadas nas matérias que cursaram com o professor enquanto eram alunas dele, o que se deu, evidentemente, por pura falta de capacidade delas.

A defesa informa que todos os falsos acusadores já estão sendo identificados e que tomará todas as medidas judiciais cabíveis, tanto na área cível, quanto na área criminal, contra cada um deles.

A defesa já têm ciência que todas as acusadoras possuem um grupo no aplicativo WhatsApp e lá debocham do professor e fomentam suas mentiras. Sobre esse grupo, as provas serão apresentadas na Justiça e cada um dos participantes responderá na área cível e criminal pelo que vêm fazendo com a imagem do professor.

Veja na íntegra a nota da UEG

 

A propósito das informações solicitadas, a Reitoria da Universidade Estadual de Goiás (UEG) informa:

– A Universidade Estadual de Goiás recebeu no mês de junho denúncia sobre possível assédio sexual sofrido por uma discente de graduação por parte de um professor. A coordenação do Câmpus Central deu apoio à aluna e a orientou a formalizar o fato para a Ouvidoria.

– A discente não tem mais nenhum contato com o professor.

– No dia 6 de julho foram dados os encaminhamentos legais para a apuração dos fatos, como a abertura de uma sindicância. O processo está na fase de oitivas individuais das partes.

– Caso a sindicância apure o assédio, o rito formal é a abertura de processo administrativo disciplinar que prevê penalidades administrativas adequadas à gravidade do fato.

– As penalidades previstas vão desde suspensão até demissão.

– A Universidade Estadual de Goiás reitera que não tolera qualquer tipo de assédio.

G1 Goiás 

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