Hospital da Criança de Brasília conta com medicação imunobiológica para asma grave
O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) é referência para o tratamento de asma grave. Para alcançar bons resultados no tratamento dos pacientes, a instituição conta com equipe multiprofissional especializada que dispõe dos recursos para fazer o diagnóstico e tratar adequadamente a doença. Entre as tecnologias de fronteira incorporadas ao SUS, o HCB emprega o imunobiológico Omalizumabe, que faz toda a diferença na vida das crianças elegíveis para essa terapêutica.
Uma vez por mês, Luiza Duarte, 11 anos, comparece ao hospital para tratar asma grave. A menina recebe injeção do Omalizumabe periodicamente para receber a injeção subcutânea sob supervisão médica.
Atualmente, o HCB atende cerca de 250 crianças e adolescentes diagnosticados com asma grave – desses, 27 fazem uso do Omalizumabe. O remédio é indicado para pacientes que não apresentam resposta a outros tratamentos. “Ele é para quem já tentou de tudo: está em altas doses de corticoide, a mãe já fez o controle ambiental, já fizemos revisão das medicações, da técnica inalatória e o paciente não melhora”, explica a enfermeira Kely Silva, que acompanha as crianças em atendimento ambulatorial no hospital.
A medicação, disponibilizada pelo HCB desde 2019, contribui para aumentar a qualidade de vida de crianças como Luiza. A menina teve a primeira crise de asma quando ainda era um bebê. “Notamos os primeiros sintomas assim que ela nasceu – bebezinha, ela já tinha dificuldade para respirar. Com dois meses de vida, ela teve a primeira internação e foi só prosseguindo”, relata a mãe da criança, Meiriane Duarte. Desde que iniciou o protocolo com o remédio, porém, Luiza percebeu a melhora no quadro de saúde: a última crise de asma foi em 2022.
A pneumologista pediatra do HCB Carmen Martins conta que o Omalizumabe é voltado, especificamente, a crianças e adolescentes diagnosticados com asma grave, prevalente na faixa etária pediátrica. O Omalizumabe funciona bloqueando uma substância chamada imunoglobulina E (IgE), que é produzida pelo organismo. “A IgE é uma imunoglobulina que modula a alergia, está ligada à asma alérgica. O Omalizumabe bloqueia o receptor da IgE, impede que a crise aconteça e o paciente melhora”, explica a médica.
“O medicamento está na etapa cinco da estratégia de orientação mundial do tratamento dado ao paciente asmático – a etapa da asma grave. O paciente já está se tratando, já está com o corticoide inalatório em altas doses, foi investigado para outras doenças, já foram vistos outros fatores complicadores, já tem seis meses de tratamento e continua exacerbando, tendo crises”, relata Martins. Além dos critérios de tratamento, é preciso que a criança tenha mais de 6 anos de idade e que tanto o peso quanto o nível de IgE (verificado por meio de exames realizados no HCB) correspondam às prescrições da bula do medicamento.
Aos 14 anos de idade, Eduardo Sampaio é mais um paciente que faz uso do Omalizumabe no HCB. O jovem foi diagnosticado com asma ainda criança e inquietava a família. “Como eram crises muito fortes, era preocupante ter alguma coisa; e se ele estivesse sozinho, ou na escola, fazendo muito esforço? Na escola era mais preocupante, porque, dependendo da crise, ele tinha que ir para o hospital”, conta Giovanna Sampaio, irmã de Eduardo.
Depois de ser encaminhado ao Hospital da Criança e iniciar o uso do imunobiológico, o adolescente notou os resultados positivos: a última crise de asma foi há tanto tempo que ele nem se lembra. “O tratamento também ajudou bastante na questão de exercícios: antes, me dava aquela tosse que desencadeava a crise; agora, consigo fazer educação física tranquilamente”, conta Eduardo, que também faz aulas de vôlei.
Encontros tiram dúvidas
No HCB, crianças e adolescentes com asma são acompanhados por alergistas e pneumologistas, garantindo que cada paciente receba o tratamento. Além das consultas, medicações e exames, as famílias acompanhadas participam de encontros de educação em saúde, recebendo orientações sobre o controle do ambiente frequentado pelo paciente.
“Falamos sobre o diagnóstico, sobre o que acontece no pulmão, quais são os fatores que podem desencadear as crises, revemos a técnica inalatória”, afirma a enfermeira Kely Silva.
Durante as “aulas”, ela faz recomendações, especialmente, quanto à limpeza da casa. “Recomendamos evitar tudo que vai levantar pelo: vassoura, pano seco. A recomendação é que se higienize a casa jogando água ou com pano úmido. Evitar produtos com cheiro forte, muita água sanitária, inseticidas, desodorizadores de ambiente – mesmo aquele do palitinho, que está na moda, não é recomendado”. Silva alerta, ainda, sobre o uso de umidificador de ar: “Ele não é bom, porque vai fazer proliferar mais ácaros no ambiente”.
Os momentos de educação em saúde são realizados mensalmente, tanto de forma presencial quanto virtual, e cada família precisa participar de pelo menos um deles por ano. Meiriane Duarte tenta comparecer com mais frequência do que a obrigatória e segue à risca as orientações da equipe: “Participo das aulas quando consigo. A limpeza da nossa casa sempre é feita com água, não utilizo vassoura”.
*Com informações do HCB
Agencia Brasilia