Gata bombeira e cão detetive: conheça os mascotes de órgãos do GDF
Conheça a história de bichinhos que ganharam o coração de servidores e acompanham os profissionais no dia a dia de trabalho
Quem acha que os pets são apenas de estimação, se engana. Com direito a identificação na coleira, os mascotes dos órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) ajudam a farejar fugitivos e até a combater incêndios. Conheça a história de três animaizinhos que ganharam o coração dos funcionários e acompanham os profissionais no dia a dia de trabalho.
Fumaça, a gatinha bombeira
No 15º Grupamento do Corpo de Bombeiros Militar do DF, que fica na Asa Sul, vive uma gatinha diferente das outras felinas que se vê por aí. Segundo a soldado Kamila Fernandes, integrante do quartel, a gata parece ficar mais à vontade quando vê a farda laranja.
“Quando a gente está à paisana não é a mesma coisa. Parece que ela tem uma afeição pelo uniforme”, afirma a bombeira. Além disso, a felina é bem educadinha. Quando toca o sinal da emergência, algumas vezes os bombeiros têm que largar a refeição na metade e correr para atender o chamado. E a gatinha não toca na comida de ninguém.
“Quando eu cheguei na secretaria, o fogo já estava bem grande, no teto. Foi quando chamei o restante da equipe e conseguimos debelar o incêndio. Mas foi ela que me chamou”Flávio Queiroz Damasceno, segundo-sargento
O nome, além de combinar com sua pelagem cinza, também remete ao trabalho dos bombeiros. Fumaça, a gatinha adotada pelo grupamento há cerca de dez anos, morava na 316 Sul e fugia do prédio para ficar no quartel dos bombeiros.
De acordo com o subtenente Júnior Gomes, por duas ou três vezes o antigo dono foi buscá-la, mas ela fugia novamente. Então, foi feita uma proposta aos bombeiros para ficarem com a gatinha. A companhia agradável fez a diferença e a proposta foi aceita. Desde então a felina se adaptou bem ao quartel.
Fumaça participa até das rotinas militares, como por exemplo todo Pavilhão Nacional (hasteamento da bandeira), às 8h e às 18h. “Ela é a primeira a chegar para participar do evento, porque ela é militar e bombeira, essa aí não tem como dizer que não é”, brinca o bombeiro.
O bombeiro lembra que a mascote inclusive já ajudou a extinguir um incêndio que não estava sendo visto pelos militares que estavam no quartel, por ter iniciado dentro da secretaria que estava fechada e fora do horário de expediente.
Foi para o segundo-sargento Flávio Queiroz Damasceno que a gatinha correu para avisar do incêndio que se alastrava no quartel, em 2018. Ele estava de serviço à noite, quando Fumaça chegou inquieta, por volta de 1h da manhã.
“Ela estava com a gente há três anos. Percebi que ela não ficava quietinha, como normalmente. Ela ficava miando, como se estivesse me chamando pra alguma coisa. Aí eu perguntava ‘o que foi, Fumaça?’ e ela não vinha, ficava sempre querendo sair e descer a escada”, recorda o bombeiro.
Quando o sargento percebeu que talvez fosse alguma coisa, começou a seguir a gata. Ele desceu a escada atrás dela, que foi em direção ao incêndio que estava tendo dentro da secretaria – um modem no teto havia começado a pegar fogo. “Quando eu cheguei na secretaria, o fogo já estava bem grande, no teto. Foi quando chamei o restante da equipe e conseguimos debelar o incêndio. Mas foi ela que me chamou”, relata.
Por volta de seus 12 anos de idade, Fumaça é a xodó do quartel. O subtenente Júnio Gomes explica que a gatinha sempre foi muito ativa e até uns anos atrás pegava cobra, calango e não deixava nenhum animal rasteiro entrar na unidade. “Ela sempre teve esse instinto animal de defesa do quartel. É nossa mascote e nós somos muito felizes com ela, é todo mundo apaixonado”, declara o subtenente.
Sherlock, o cão detetive
Criado há 54 anos, o Batalhão de Policiamento com Cães (BPCães) está constantemente se atualizando e uma das técnicas utilizadas é a busca e captura por odor específico para rastreamento de pessoas em fuga da justiça. A iniciativa foi uma resposta à necessidade da aptidão durante a perseguição ao criminoso Lázaro Barbosa no Entorno do DF, em junho de 2021, após a fuga dele de Ceilândia.
Entre as raças empregadas nessa modalidade, a Polícia Militar tem o bloodhound, que é muito utilizado para farejar animais feridos ou pessoas desaparecidas. Em outubro de 2021, uma equipe do batalhão foi até ao Centro de Treinamento Vale dos Cães, em Jaraguá do Sul (SC), para aprender o método e buscar dois cães da raça.
Sherlock e Fiona chegaram a Brasília com nove meses e, desde filhotes, já eram gigantes. Sempre juntos, eles têm as características clássicas da raça, como orelhas caídas e dobrinhas de pele ao redor do pescoço, além do olfato apurado.
O bloodhound é considerado um dos melhores cães farejadores do mundo. De acordo com a segundo-tenente Julie Ane dos Santos, quando o animal cola o nariz no chão, ninguém para o cachorro, que é muito determinado. Alguns policiais chegam a usar luvas e máscaras quando a busca é em matas mais fechadas.
“Ele é muito forte. Depois que pega o cheiro que deve seguir, já era, ele não para nunca. Mas é importante destacar que é uma raça calma e dócil, por isso realiza tantas interações com o público. Justamente por isso a gente escolheu ele como nosso mascote. Os policiais tem uma excelente vivência com ele”, afirma a tenente Julie.
Daí veio o nome Sherlock, um “investigador” que acha tudo, fazendo referência ao detetive das histórias de Arthur Conan Doyle. Outra curiosidade é que a primeira-dama Mayara Noronha Rocha é madrinha dos dois cãezinhos, visto que ela foi a responsável pela doação dos animais à corporação.
Sherlock já foi empregado em várias ocorrências de rastreio de fugitivos da polícia e atualmente ele é a cara e o sucesso do batalhão no que diz respeito à interação com crianças e idosos, por serem cães extremamente brincalhões, dóceis e muito resistentes.
Os cachorros bloodhound pesam entre 50 kg e 60 kg, com altura de até 60 cm. Eles podem viver até aproximadamente 13 anos, mas na PMDF eles se aposentam aos sete.
Fumaça, a cadela das rondas
Além da gatinha Fumaça, também existe a cadela com o mesmo nome, que é a mascote da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O nome foi dado pela cumplicidade da cachorrinha com os funcionários da brigada de incêndio do órgão.
Há nove meses morando na sede da companhia, localizada no Guará, a cadelinha apareceu sem sinais de maus tratos e aparentemente bem cuidada. Segundo o chefe da Divisão de Segurança da Novacap, João Carlos Schubert, inicialmente a equipe procurou alguém para adotá-la, mas não encontraram dono. Logo perceberam que a cadela estava ganhando peso rápido demais.
Fumaça teve oito filhotinhos e todos foram adotados por funcionários, colaboradores e terceirizados da Novacap. Em seguida, uma rifa foi feita para levantar fundos e castrar a cadelinha, que, com a arrecadação de sucesso, além da ração e assistência, ganhou até uma coleira personalizada com seu nome escrito.
“Já era claro que ela ia ser daqui, ia ser nossa mascote e a adoção já estava feita”, acentuou Schubert. Logo a cadela começou a seguir os brigadistas que fazem a ronda de vistorias na unidade e foi cativando todos os funcionários. As rondas são para checar os equipamentos de combate a incêndios, verificar se está tudo em ordem e fazer todo o trabalho de prevenção.
“A gente achou essa atitude dela bem curiosa. Ela é muito dócil, se dá bem com todo mundo. Em alguns setores ela já sabe exatamente onde ir e vai na frente, entrando nas salas e olhando. Ela humanizou alguns setores, porque às vezes a pessoa está estressada no serviço e a Fumaça vai lá, dá uma paradinha, brinca com ela, distrai um pouco. Fica um ambiente muito gostoso, onde ela entra leva alegria”, destacou Schubert.
Além de ser cuidada, Fumaça também ajuda a cuidar. A ração que ela recebeu e já não come mais, específica para castrados, foi doada para os cachorrinhos que ficam no Viveiro II da Novacap, unidade perto da Água Mineral. “Ela está fazendo as rondas e ainda ajudando os irmãozinhos perdidos por aí”, observou João Carlos.
agencia brasilia